Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente 2017
VATICANO, 15 Dez. 16 / 09:52 am
(ACI).- A Sala de Imprensa do Vaticano a mensagem
do Papa Francisco para o XXV Dia Mundial do Doente, que será celebrado no dia 11 de fevereiro de 2017.
A mensagem tem como título:
“Admiração pelo que Deus faz: ‘o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas’ (Lc 1,
49)”.
Queridos irmãos e irmãs,
No próximo dia 11 de fevereiro,
celebrar-se-á em toda a Igreja, e de forma particular em Lourdes, a XXV Jornada
Mundial do Doente, sob o tema: «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso
fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)». Instituída pelo meu predecessor São João
Paulo II em 1992 e celebrada a primeira vez precisamente em Lourdes no dia 11
de fevereiro de 1993, tal Jornada dá ocasião para se prestar especial atenção à
condição dos doentes e, mais em geral, a todos os atribulados; ao mesmo tempo
convida quem se prodigaliza em seu favor, a começar pelos familiares,
profissionais de saúde e voluntários, a dar graças pela vocação recebida do
Senhor para acompanhar os irmãos doentes. Além disso, esta recorrência renova,
na Igreja, o vigor espiritual para desempenhar sempre da melhor forma a parte
fundamental da sua missão que engloba o serviço aos últimos, aos enfermos, aos
atribulados, aos excluídos e aos marginalizados (cf. João Paulo II, Motu
proprio Dolentium hominum, 11 de fevereiro de 1985, 1). Com certeza, os
momentos de oração, as Liturgias Eucarísticas e da Unção dos Enfermos, a
interajuda aos doentes e os aprofundamentos bioéticos e teológico-pastorais que
se realizarão em Lourdes, naqueles dias, prestarão uma nova e importante
contribuição para tal serviço.
Sentindo-me desde agora presente
espiritualmente na Gruta de Massabiel, diante da imagem da Virgem Imaculada, em
quem o Todo-Poderoso fez maravilhas em prol da redenção da humanidade, desejo
manifestar a minha proximidade a todos vós, irmãos e irmãs que viveis a
experiência do sofrimento, e às vossas famílias, bem como o meu apreço a quantos,
nas mais variadas tarefas de todas as estruturas sanitárias espalhadas pelo
mundo, com competência, responsabilidade e dedicação se ocupam das melhoras,
cuidados e bem-estar diário de todos vós. Desejo encorajar-vos a todos –
doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar
Maria, Saúde dos Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser
humano e o modelo de abandono à vontade divina; e encorajar-vos também a
encontrar sempre na fé, alimentada pela Palavra e os Sacramentos, a força para
amar a Deus e aos irmãos mesmo na experiência da doença.
Como Santa Bernadete, estamos sob
o olhar de Maria. A jovem humilde de Lourdes conta que a Virgem, por ela
designada «a Bela Senhora», a fixava como se olha para uma pessoa. Estas
palavras simples descrevem a plenitude dum relacionamento. Bernadete, pobre,
analfabeta e doente, sente-se olhada por Maria como pessoa. A Bela Senhora
fala-lhe com grande respeito, sem Se pôr a lastimar a sorte dela. Isto
lembra-nos que cada doente é e permanece sempre um ser humano, e deve ser
tratado como tal. Os doentes, tal como as pessoas com deficiências mesmo muito
graves, têm a sua dignidade inalienável e a sua missão própria na vida, não se
tornando jamais meros objetos, ainda que às vezes pareçam de todo passivos,
mas, na realidade, nunca o são.
Bernardete, depois de estar na
Gruta, graças à oração, transforma a sua fragilidade em apoio para os outros;
graças ao amor, torna-se capaz de enriquecer o próximo e sobretudo oferece a
sua vida pela salvação da humanidade. O facto de a Bela Senhora lhe pedir para
rezar pelos pecadores lembra-nos que os doentes, os atribulados não abrigam em
si mesmos apenas o desejo de curar, mas também o de viver cristãmente a sua
existência, chegando a doá-la como autênticos discípulos missionários de
Cristo. A Bernadete, Maria dá a vocação de servir os doentes e chama-a para ser
Irmã da Caridade, uma missão que ela traduz numa medida tão elevada que se
torna modelo que todo o profissional de saúde pode tomar como referência. Por
isso, peçamos à Imaculada Conceição a graça de saber sempre relacionar-nos com
o doente como uma pessoa que certamente precisa de ajuda – e, por vezes, até
para as coisas mais elementares – mas também é portadora do seu próprio dom que
deve partilhar com os outros.
O olhar de Maria, Consoladora dos
aflitos, ilumina o rosto da Igreja no seu compromisso diário a favor dos
necessitados e dos doentes. Os preciosos frutos desta solicitude da Igreja pelo
mundo dos atribulados e doentes são motivo de agradecimento ao Senhor Jesus,
que Se fez solidário conosco, obedecendo à vontade do Pai até à morte na cruz,
para que a humanidade fosse redimida. A solidariedade de Cristo, Filho de Deus
nascido de Maria, é a expressão da omnipotência misericordiosa de Deus que se
manifesta na nossa vida – sobretudo quando é frágil, está ferida, humilhada,
marginalizada, atribulada –, infundindo nela a força da esperança que nos faz
levantar e sustenta.
Uma riqueza tão grande de
humanidade e de fé não deve ficar perdida, mas sim ajudar-nos a enfrentar as
nossas fraquezas humanas e, ao mesmo tempo, os desafios presentes em âmbito
sanitário e tecnológico. Por ocasião da Jornada Mundial do Doente, podemos
encontrar novo impulso a fim de contribuir para a difusão duma cultura respeitadora
da vida, da saúde e do meio ambiente; encontrar um renovado impulso a fim de
lutar pelo respeito da integridade e dignidade das pessoas, inclusive mediante
uma abordagem correta das questões bioéticas, a tutela dos mais fracos e o
cuidado pelo meio ambiente.
Por ocasião da XXV Jornada
Mundial do Doente, reitero a minha proximidade feita de oração e encorajamento
aos médicos, enfermeiros, voluntários e a todos os homens e mulheres
consagrados comprometidos no serviço dos doentes e necessitados; às
instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; e às famílias que
cuidam amorosamente dos seus membros doentes. A todos, desejo que possam ser
sempre sinais jubilosos da presença e do amor de Deus, imitando o testemunho
luminoso de tantos amigos e amigas de Deus, dentre os quais recordo São João de
Deus e São Camilo de Lélis, Padroeiros dos hospitais e dos profissionais de
saúde, e Santa Teresa de Calcutá, missionária da ternura de Deus.
Irmãs e irmãos todos – doentes,
profissionais de saúde e voluntários –, elevemos juntos a nossa oração a Maria,
para que a sua materna intercessão sustente e acompanhe a nossa fé e nos
obtenha de Cristo seu Filho a esperança no caminho da cura e da saúde, o
sentido da fraternidade e da responsabilidade, o compromisso pelo
desenvolvimento humano integral e a alegria da gratidão sempre que Ele nos
maravilha com a sua fidelidade e a sua misericórdia:
Ó Maria, nossa Mãe,
que, em Cristo, acolheis a cada um de nós como
filho,
sustentai a expectativa confiante do nosso
coração,
socorrei-nos nas nossas enfermidades e
tribulações,
guiai-nos para Cristo, vosso filho e nosso
irmão,
e ajudai a confiarmo-nos ao Pai que faz
maravilhas.
A todos vós, asseguro a minha
recordação constante na oração e, de coração, concedo a Bênção Apostólica.
Vaticano, 8 de dezembro – Festa
da Imaculada Conceição – de 2016.
Francisco
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