sábado, 27 de janeiro de 2018

Evangelho do domingo: Vencendo o mal

Marcos 1,21-28
 

Aleluia, aleluia, aleluia. 
O povo que jazia nas trevas viu brilhar uma luz grandiosa; a luz despontou para aqueles que jaziam nas sobras da morte (Mc 4,16). 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
 
21 Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.
22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!
25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"
26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.
27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"
28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.
Palavra da Salvação.

VENCENDO O MAL
O Reino anunciado por Jesus provocou as forças do mal, que reagiram de imediato. Sua pregação desmascarava a malignidade de tudo quanto redundava em escravidão para o ser humano e o impedia de se realizar e ser feliz. Jesus se sabia destinado a libertar os oprimidos e escravizados pelo poder do mal.

Evidentemente, o processo de libertação não era fácil. Por um lado, os opressores não queriam abrir mão de suas intenções e métodos. Por outro lado, os oprimidos acabavam por se acostumar à sua situação, já não fazendo mais caso dela.

A libertação começava quando o escravo do mal se insurgia contra sua situação, com a ajuda de Jesus. Tratava-se de uma terrível luta interior! Às vezes, se pensava que a presença de Jesus só servisse para perturbar. Ele, porém, não se deixava intimidar. Sua presença purificava o ser humano dos espíritos imundos que o flagelavam e contaminavam. Livres de toda escravidão, os que tinham sido beneficiados por Jesus tornavam-se sinal do poder efetivo do Reino.

Toda a vida de Jesus foi perpassada de luta contra as forças do mal. Com sua palavra, ele as desarticulava, fazendo o Reino dar seus frutos na história humana. Jesus não cruzava os braços ao se deparar com quem era vítima do mal e do pecado. Sua presença fazia o dinamismo libertador do Reino entrar em ação.
Marcos 1.21-28, é escrito por Aline Danielle Stüewer e Joel Haroldo Baade.
A temática sugerida pelo texto da prédica para este domingo é controversa e, em certa medida, até polêmica, qual seja: a possessão demoníaca. Justamente por isso, cabe um cuidado todo especial na interpretação e preparação da mensagem, para que não se chegue a um beco sem saída.
Acredito que é importante explicar para a comunidade o significado da palavra “espírito impuro”, para que fique mais claro o significado do ato de Jesus. Ou seja, Jesus não está lutando contra uma divindade, mas está se opondo a atitudes e ações que nos afastam de Deus.
É interessante destacar que, para Marcos, o primeiro milagre de Jesus foi justamente a expulsão de um “espírito impuro”. Para Marcos e para as pessoas da época, um “espírito impuro” era um poder do mal, algo hostil a Deus. As pessoas viviam com medo, sempre ameaçadas por coisas e pessoas que colocavam as suas vidas em perigo. A pessoa possuída pelo “espírito impuro” não poderia estar em comunhão com Deus, nem mesmo com as outras pessoas. Por isso elas eram afastadas e excluídas do convívio social.
Nesse sentido, cabe perguntar hoje pelos poderes que nos afastam do convívio com as pessoas e com Deus. O poder que nos tem afastado do convívio com Deus e com as pessoas é o pecado. O pecado, além de nos afastar de Deus, amarra-nos e nos torna dependentes. Assim, podemos destacar diversos poderes que nos tiram do convívio com Deus.
Na sociedade em que vivemos, há vários poderes que prejudicam nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Numa sociedade em que crescemos ouvindo que o importante é ter e não ser, é comum vermos pessoas se perderem de si mesmas para conseguir ter o que querem. Dentro desse contexto, a ganância acaba levando as pessoas a mentir e a pisar em outras para adquirir o que desejam.
Nessa sociedade capitalista, as pessoas acabam se tornando escravas do dinheiro e também do trabalho. Como é comum ouvirmos pessoas reclamarem que não têm mais tempo para nada! Quando o ser humano se torna escravo do trabalho, então a família acaba sofrendo a ausência e a falta de atenção do pai, da mãe, da esposa, do esposo. A instrução e a educação dos filhos e filhas diante disso são relegadas a terceiros, preponderantemente à escola, levando ao estranhamento dos membros da família e à sua desintegração.
Além disso, a dificuldade de perdoar tem levado muitas pessoas a se afastar de seus amigos e até familiares. Quantas histórias de famílias que ficam anos sem se falar, porque ninguém quer dar o braço a torcer. O orgulho é mais forte do que o amor. Assim, essas pessoas são dominadas pela raiva, pelo rancor e pelo ódio.
Na sociedade em que vivemos, muitas pessoas se perdem em si mesmas e, num ato desesperado, procuram algo que as afaste do “poder do mal”. Cada vez mais percebemos o quanto as pessoas estão se apegando a crenças e fazendo delas o seu deus. Acreditam que, fazendo simpatias, podem reconquistar um amor perdido ou até mesmo resolver os conflitos em casa. Acreditam que os horóscopos podem mostrar o seu futuro e oferecer-lhes orientação. Fazem de amuletos e fitinhas o seu deus protetor. Sempre que o ser humano coloca a sua confiança em algo além de Deus, está se afastando do Deus verdadeiro e passa a viver possuído de “outros espíritos”.
Somente Jesus tem o poder de combater o poder do pecado. Perto de Jesus, nenhum mal tem poder. Somente Jesus tem o poder de afastar-nos do mal e aproximar-nos de Deus. Jesus veio exatamente para restabelecer a nossa comunhão com Deus.
Quando ouvimos os ensinamentos de Jesus, então reaprendemos o verdadeiro sentido da vida e somos libertos daquilo que nos domina. A palavra de Jesus tem o poder de transformar as nossas vidas e libertar-nos dos poderes que ameaçam a nossa liberdade. (CEBI.org.br).
Bibliografia
MESTERS, Carlos; LOPES; Mercedes. Caminhando com Jesus: Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos. 2. Ed. São Leopoldo: CEBI, 2008.
WEGNER, Uwe. Demônios, maus espíritos e a prática exorcista de Jesus segundo os evangelhos. Estudos Teológicos, São Leopoldo, ano 43, n. 2, p. 82-103, 2003.
Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2011 / Volume: 36
 

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