João 2,13-25
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único; todo aquele que crer
nele há de ter a vida eterna (Jo 3,16).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
2 13 Estava
próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 Encontrou
no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de
moedas.
15 Fez
ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os
bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas.
16 Disse
aos que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma
casa de negociantes.
17 Lembraram-se
então os seus discípulos do que está escrito: “O zelo da tua casa me consome”.
18 Perguntaram-lhe
os judeus: "Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo?"
19 Respondeu-lhes Jesus: "Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em
três dias".
20 Os
judeus replicaram: "Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e
tu hás de levantá-lo em três dias?!"
21 Mas
ele falava do templo do seu corpo.
22 Depois
que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e
creram na Escritura e na palavra de Jesus.
23 Enquanto
Jesus celebrava em Jerusalém a festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, à
vista dos milagres que fazia.
24 Mas
Jesus mesmo não se fiava neles, porque os conhecia a todos.
25 Ele
não necessitava que alguém desse testemunho de nenhum homem, pois ele bem sabia
o que havia no homem.
Palavra da Salvação.
Comentário do Evangelho
AS COISAS DE DEUS
A imagem de Jesus com o chicote em punho, expulsando do templo de Jerusalém
cambistas e comerciantes, não bate com a do Jesus manso e humilde transmitida,
pelo imaginário cristão. Não é fácil pensá-lo irado e violento. Por que Jesus
se indignou tanto diante do templo profanado?
A resposta, à primeira vista, poderia ser: porque a casa do Pai foi
transformada em mercado. A motivação, porém, parece ser outra: porque a
religião estava sendo instrumentalizada e acabava acobertando injustiça e
extorsão, especialmente, contra os mais pobres; porque o Pai havia sido
transformado num deus conivente com a maldade; porque o templo, enquanto lugar
da fraternidade e da acolhida, tinha sido transformado em ponto de exploração e
enriquecimento ilícito; porque, enfim, a fé perdera a sua profundidade e os
fiéis tinham-se tornado vítimas da ganância dos ricos. Nisto consistia a
profanação da casa de Deus e da religião. E Jesus não suportava que as coisas
do Pai fossem tratadas assim.
A profanação das coisas divinas, porém, iria atingir seu grau mais
elevado, com a morte ignominiosa de Jesus na cruz. Matar o Filho de Deus
correspondia à determinação de destruir o verdadeiro templo. Jesus, porém,
estava seguro de que o templo-Filho seria reconstruído. O templo material, ao
invés, estava fadado à ruína completa.
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