Vale apena ler a mensagem de Dom Jaime Pedro Kohl, bispo de Osório, nesta semana tão significativa para a Igreja Católica do Brasil, ao receber o papa Francisco.

Palavra do Bispo

Campus fidei e Lumen fidei

O que significam esses dois nomes ou títulos em latim? Com um pouco de imaginação quase que dá para adivinhar.
Campus Fidei é o nome que a diocese do Rio de Janeiro deu ao local da vigília e da celebração de envio que o Papa Francisco vai presidir por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, na zona leste da capital, em Guaratiba. Uma área total de 1,362 milhão de metros quadrados, subdividida em 22 lotes com uma área equivalente a sete campos do Maracanã cada, com 32 ilhas de serviço, com 4.673 banheiros, 4920 bebedouros e 12 milhões de litros d’água. O palco de 75 por 68 metros está programado para acolher 750 convidados.
O Brasil e o mundo, neste próximo sábado e domingo, vão estar conectados com o coração juvenil que vai pulsar e jogar sangue novo e bem oxigenado para os quatro cantos do mundo. Este local ficará como um monumento histórico e palco para muitos eventos futuros com grande participação popular. Literalmente “Campus Fidei” significa: “O Campo da fé”.
Nesse Campo vão jogar sua partida mais de dois milhões de pessoas na sua maioria jovens. Somente que essa partida é muito diferente das que estamos acostumados a ver nos nossos campos de futebol. Os jogadores são milhões, de todas as idades, raças, línguas, gostos, cores... Ninguém fica de espectador. Todos estão escalados e vão entrar em campo cantando, rezando, olhando, ouvindo, aplaudindo...
Há um convidado especial: o papa Francisco. Outras figuras ilustres estarão presentes. Mas o primeiro e principal protagonista disso tudo é o Espírito Santo que anima o coração de todos, no seguimento de Jesus Cristo para a glória de Deus Pai. O bonito é que no final não vai ter vencedores e vencidos, mas irmãos e irmãs unidos conduzidos pelo Supremo Juiz: Jesus, o Cristo. Ele é o grande motivador e a razão de ser desta multidão.
Lumen Fidei significa: “a luz da fé”. É o titulo da primeira carta encíclica do papa Francisco, reunindo as reflexões do Sínodo dos Bispos sobre a Evangelização, realizado no ano passado. Iniciado por Bento XVI e concluído pelo Francisco.
Estamos na expectativa de sua chegada e naquilo que vai dizer para os jovens e para nós todos. Certamente vai falar alguma coisa sobre o atual momento do Brasil, da America Latina e do Mundo.
Certamente não deixará de chamar a atenção sobre as verdades e princípios fundamentais de nossa fé e dos que devem ser os referenciais da sociedade humana.
Com sua habilidade de falar em modo simples e direto vai convidar-nos à fé e à confiança em Deus Pai, a fazer-nos discípulos missionários de Jesus Cristo e deixar-nos iluminar pelo divino Espírito Santo. Chamar-nos-á à responsabilidade com relação um desenvolvimento sustentável do mundo, à solidariedade e fraternidade entre pessoas e povos, ao profundo respeito pela vida humana desde sua concepção até sua morte natural. Reafirmará o valor do matrimônio e a importância da família. O chamado universal a santidade. A necessidade de uma busca constante da vontade de Deus diante das tantas e rápidas mudanças pelas quais passa a nossa sociedade. O apelo à justiça e à verdade, o respeito ao estado de direito, o combate a corrupção, a opção pelos pobres e excluídos, a distribuição equitativa dos bens e serviços, etc.
Tudo isso à luz da fé, com uma linguagem familiar no seu primeiro documento, Lumen Fidei: “Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história. A fé consiste em deixar-se incessantemente transformar pelo chamado de Deus. Paradoxalmente, neste voltar-se continuamente para o Senhor, o homem encontra uma estrada segura que o liberta do movimento depressivo a que o sujeitam os ídolos”(13).
E no número 18, eis como descreve a nossa relação com Cristo: “Na fé, Cristo não é apenas Aquele em quem acreditamos, a maior manifestação do amor de Deus, mas é também Aquele a quem nos unimos para poder acr editar. A fé não só olha para Jesus, mas olha também a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos: é uma participação no seu modo de ver.
Em muitos âmbitos da vida, fiamo-nos de outras pessoas que conhecem as coisas melhor do que nós: temos confiança no arquiteto que constrói a nossa casa, no farmacêutico que nos fornece o remédio para a cura, no advogado que nos defende no tribunal. Precisamos de alguém que seja fiável e perito nas coisas de Deus: Jesus, seu Filho, apresenta-se como Aquele que nos explica Deus”.
Tudo leva a crer que esse evento da JMJ e a presença entre nós do papa Francisco, como nosso Hermano, vai deixar para a Igreja e para o povo brasileiro um legado de fé, esperança e um processo de verdadeira renovação espiritual e compromisso social.
Convido todos, em especial modo os jovens, a acomp anhar pelos meios de comunicação a transmissão dos principais momentos dos encontros e celebrações que estão programados que fará muito bem para a nossa vida de cristãos e católicos.

Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório