quinta-feira, 12 de junho de 2014

Leia a palavra do bispo diocesano de Osório, Dom Jaime Pedro Kohl.

Palavra do Bispo

Chegou a hora!
A maior festa de futebol começou: A Copa do Mundo. Agora realizada aqui no nosso país continental. Nesses dias o Brasil durante um mês inteiro vai ser o grande palco para o mundo. Será que somos capazes de contagiar o mundo todo com nossos valores e riquezas que nos caracterizam e não somente com o futebol bonito? Acreditamos que sim. O que todos esperamos e torcemos é que tudo concorra para o bem da humanidade e para a glória de Deus.
À luz da experiência da JMJ do ano passado, onde os jovens do mundo todo deram demonstração de civilidade e de amor cristão, sonhamos com uma Copa da Paz.
Para isso não basta que entrem em campo os 11 ou 23 convocados pelo nosso enérgico e devoto Filipão, mas todos nós com eles. O momento é de euforia, expectativa, de muita esperança que os canarinhos façam bonito, nos b rindem com um jogo alegre e eficiente. Todos vamos torcer para que o Brasil seja campeão. A vantagem de jogar em casa certamente vai ser um fator que nos favorece e ao mesmo tempo nos compromete. Não é indiferente o clima que criamos fora dos estádios, entre nós e com todos os que chegam ao nosso país.
É hora de deixar as mazelas e lamentações de lado e entrarmos em campo dando o que temos de melhor, não só para inglês ver, mas no sentido de criarmos condições para estreitamento de relações entre pessoas e povos, para oportunizar a todos os países – não só os diretamente envolvidos – uma evento de paz e fraternidade universal.
Gostei muito da coluna do Fr. Aldo Colombo do Correio Riograndense desta semana no seu artigo “Uma Pátria de chuteiras”, pois nos coloca diante de um jeito bonito, patriótico e n&a tilde;o fanático, de vivermos esse momento: a Copa do Mundo sendo realizada nos nossos gramados! Superfaturados ou não, o que importa agora é que sejam aproveitados para tirar o maior bem possível para o bem de todo o povo que, de uma forma ou de outra, é quem paga a conta.
Em poucos dias a Copa termina e tudo volta ao normal, mas o Brasil e o mundo não serão mais os mesmos depois dela. Não sei se melhorados ou piorados, porém com um legado histórico não indiferente e, certamente, não só no aspecto do esporte. Com caneco ou sem caneco esperamos conquistar muitas vitórias de boa educação, de respeito, de solidariedade e de uma cultura do encontro e de paz verdadeira.
Vamos ver, escutar e olhar tudo com objetividade e espírito crítico, atentos aos fatos e com a esperança no coração que o Brasil vire o placar contra a violên cia, a corrupção, a politicagem, a doença, a fome... Protestar é um direito, mas a essa altura do campeonato, talvez convém adiá-la para o dia das eleições.
Precisamos aprender sempre mais uma convivência sadia entre os diferentes pois são fatores de enriquecimento. Sabemos que quem se fecha aos outros morre e quem se abre revive. Nossos adversários não são inimigos a combater, mas irmãos com quem nos divertimos e disputamos o prêmio, como elemento simbólico da competição sadia. O melhor prêmio não é o caneco de ouro, mas a participação consciente e responsável que dignifica as pessoas que jogam e que assistem o espetáculo.
O esporte sempre foi valorizado no cristianismo, especialmente para a juventude e não é contrário a vida espiritual e de fé. Pio XII escrevendo aos joven s da Ação Católica, ainda nos anos 40 do século passado, dizia: “Ora, qual é, em primeiro lugar o ofício e o fim do esporte, sã e cristãmente entendido, senão exatamente o de cultivar a dignidade e a harmonia do corpo humano, de desenvolver a saúde, o vigor, a agilidade e a graça do mesmo.
Quando se respeita com cuidado o teor religioso e moral do desporto, ele deve entrar na vida do homem como elemento de equilíbrio, de harmonia e de perfeição, e como ajuda eficaz para o cumprimento dos outros deveres. Baseai, portanto, a vossa alegria na prática correta da ginástica e do desporto. Levai mesmo para o meio do povo a sua benéfica corrente para que prospere cada vez mais a saúde física e psíquica e se fortifiquem os corpos ao serviço do espírito, sobretudo, enfim, não esqueçais, no meio da agitada e inebri ante atividade esportiva aquilo que na vida vale mais do que todo o resto: a alma, a consciência e, no vértice supremo: Deus”.
Espero que durante esses dias de festa do esporte reine o bom senso em tudo e em todos. Que saibamos dar a todos os que aqui vem uma acolhida exemplar de maturidade humana e cristã. Que dentro e fora dos campos possa reinar um clima de alegria, esperança e solidariedade. Que aquele bonito convite cantado não sei por quem: “Entra na roda com a gente, você é muito importante, vêm!” possa ser expressão do nosso ser povo hospitaleiro.
Chegou a hora! Hora de mostramos quem somos, o que queremos e como vivemos. Não só os jogos, mas também os muitos momentos culturais e partilha de vida com os visitantes vão fazer nossa honra ou desonra.
Lembremos São Paulo: “Quer comamos, quer bebamos, façamos tudo para a glória d e Deus”. Quem sejam dias de glória para quem sabe viver. Vamos para a festa! Vamos jogar a Copa da Paz!
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório


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