sábado, 1 de novembro de 2014

Leia a Palavra do Bispo Diocesano de Osório.

Palavra do Bispo

Para onde vamos?
A celebração de Finados traz consigo alguns questionamentos importantes para a nossa vida. Nos faz pensar sobre o destino do homem.
Ninguém pode fugir de algumas perguntas existenciais: de onde eu vim e para onde eu vou? O que será de mim a partir da minha morte? Como será essa vida eterna? Inferno e paraíso existem mesmo? E esse tal de juízo final, como vai ser?
Muita gente não gosta e não quer pensar sobre essas coisas, mas não podemos evitá-las, porque, aceitando ou não, são questões vitais que batem nossa porta. O feriado de finados, a perda de um ente querido, uma doença, um acidente, um problema familiar sério, tudo serve para fazer pensar no amanhã.
Nós cristãos acreditamos que viemos de Deus e para Deus voltamos. O juízo final a nível pessoal vem no dia de nossa partida deste mundo. Nesse dia nos apresentaremos ao nosso Criador e Senhor, na esperança de sermos acolhidos no banquete da vida eterna, prometida por Cristo Jesus a todos os que o seguissem.
O Evangelho deixa claro que aos justos está reservada a bem-aventurança do gozo eterno junto de Deus com todos os seus santos e aos ímpios a condenação eterna, que consiste numa tristeza e angustia infinitas por não ter acolhido o amor gratuito de Deus. E a situação é irreversível e se define aqui e agora.
Condição para entrar para a vida é a solidariedade: “Estava com fome e me deste de comer, estava sede e me deste de beber, estava nu e me vestiste... Vinde benditos do meu Pai!”
A sorte do ímpio é assustadora: “Afastai-vos de mim malditos! Ide para o fogo eterno. Pois eu estava com fome e não me destes de comer; com sede e não me deste de beber; era forasteiro e não me acolhestes em casa...”.
Mesmo que alguém não acredite muito é sensato procurar viver segundo a proposta do Evangelho, amando a Deus e ao próximo, pois esse vai ser o grande critério no dia do juízo.
Quem busca fazer o bem não porque temer, pois sua consciência está tranquila e pode esperar só coisa boa. Mas quem semeou vento poderá esperar outra coisa que não seja tempestade?
Paulo lembra: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça!” A salvação é possível desde que se abandone a iniquidade e se abrace a fé.
Para onde vamos? Onde gostaríamos chegar?
Todos nós sonhamos com um fim de glória, um fim feliz, um fim que não é um fim, mas o início de uma nova vida, continuidade desta que já vivemos em Cristo Jesus.
A esperan&cc edil;a cristã não é mero otimismo humano, mas certeza da fé que nos faz enxergar para além do horizonte, nos colocar continuamente a caminho, quais peregrinos rumo a pátria definitiva, onde nos encontraremos com nossos antepassados e nos uniremos ao coro anjos e santos para cantaremos o perfeito louvor de Deus.
A celebração de todos os santos é a festa da santidade anônima, ou seja, a recordação e memória de todos os justos que levaram uma vida coerente com a graça recebida.
Gosto desta comparação: “A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a grandeza da única santidade: Deus. Cada santo ou santa é um exemplar único e exclusivo. Não podemos pensar a santidade como um produto em série, que emerge da fantasia; é realizada singularmente pela mão do Artífice divino”.
O Artífice é Deus. Cada um de nós pode ser essa pedrinha com sua característica própria para construir essa maravilhosa obra dos santos e santas no painel da Igreja. Precisamos caminhar juntos como comunidade cristã, novo povo de Deus, mas a resposta é sempre pessoal.
Os santos foram pessoas comuns, mas que por seu modo de viver a Boa Nova de Jesus, marcaram significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em referenciais atualizados para a história. A santidade é um modo de viver, que não vem depois da morte. Ou nos santificamos aqui ou não nos santificamos nunca.
A grandeza do santo está na sua pequenez, no fato de deixar a graça de Deus trabalhar nele. Não é o extraordinário e o grandioso aos olhos do mundo que faz o santo, mas o cotidiano vivido de forma coerente.
A santidade não é uma realidade impossível de se r alcançada. Todos podem ser santos. Não importa se tem muitas ou poucas qualidades, se continua pecador, desde que acredite no amor de Deus e deixe o Espírito Santo agir nele, sem nunca desistir de buscar evitar o mal e fazer o bem.
Se olharmos a vida dos grandes santos, ficamos surpresos o quanto se sentiam pecadores. Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus e experimenta o seu amor, mais percebe a gravidade da ingratidão.
Na nossa visita ao cemitério, lembrando algum parente ou amigo que já partiu, deixemos que provoque em nós uma grande vontade de viver e viver segundo Deus.
Não é mal se perguntar: para onde vou? Onde gostaria de chegar?Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório


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