quarta-feira, 26 de maio de 2021

Nossa Senhora do Caravaggio

Nossa Senhora de Caravaggio, socorro dos aflitos



No princípio do século XV, vivia em Caravaggio, na diocese de Cremona, lugarejo a 38 km de Milão (Itália), uma jovem muito piedosa, Giannetta Vacchi.

Por ser muito devota de Nossa Senhora, jejuava na véspera de suas festas, que ela celebrava com grande fervor; além disso, não deixava passar um só dia sem se recomendar à Mãe de Deus, e, durante o dia, quer estivesse a trabalhar em casa, quer se entregasse aos trabalhos do campo, suspendia o trabalho por breves momentos para elevar sua mente à Virgem bendita. Era, em suma, uma daquelas almas virtuosas e simples, que tanto agradam ao Senhor.

Casada contra a sua vontade com Francisco Varoli, teve de sofrer duríssimas provações, pois o malvado do marido não só a ofendia com os maiores insultos, mas também chegava a bater-lhe. Contudo, ela suportava injúrias e maus tratos com admirável resignação, recomendando-se a Nossa Senhora com fervor sempre crescente, à medida que aumentavam os tormentos que lhe infligia o desumano marido.

Estava Giannetta para completar o 32º ano de sua tormentosa existência (e ninguém suspeitava que em breve terminariam suas tribulações), quando inesperadamente começa a paciente senhora a desfrutar o conforto da Rainha do Céu.

No dia 26 de maio de 1432o cruel marido, ou porque naquele dia ainda se deixasse levar mais pela brutal paixão da ira, ou por instigação de maus companheiros, agrediu a mulher mais brutalmente do que em geral o fazia, não se compadecendo dela nem mesmo depois de vê-la ferida; ao contrário, ordenou-lhe que fosse sozinha cortar o feno, acrescentando à desumana ordem as mais duras ameaças.

Giannetta não se revolta: pega na foice e obedece, confiando em Deus, que vê as aflições dos atribulados, e no patrocínio daquela a quem invocamos como o poderoso auxílio dos cristãos.

Chegando ao campo agreste chamado Mazzolengo, distante cerca de uma légua de Caravaggio, na estrada que conduz a Misano, pôs-se a pobrezinha ao trabalho, que durou várias horas, entremeado de frequentes invocações à Virgem Santíssima.

Quando o dia já declinava, olhando Giannetta para o feno ceifado, viu claramente que não tinha a força necessária para levá-lo para casa em uma só caminhada, e, pela distância em que estava, não havia tempo para fazer duas viagens. Desolada e torturada com a lembrança do cruel marido, não sabia o que fazer, por mais que procure imaginar um meio de livrar-se daquele apuro. Volta então os olhos lacrimosos para o céu e exclama

“Oh, Senhora caríssima, ajudai-me: só de vós espera socorro a vossa pobre serva!…”

Ia continuar a confiante súplica, quando de repente lhe aparece uma senhora de aspecto nobre e venerando, de porte majestoso e belo e gracioso semblante, tendo nos ombros um manto azul, e a cabeça coberta com um véu branco.

“Oh, Senhora minha santíssima”, exclama Giannetta, no auge da admiração…

Sim, eu sou a tua Senhorareplica Maria, “mas não temas, filha: tuas preces foram, por minha intercessão, ouvidas por meu divino Filho, e já te estão preparados os tesouros do céu. Ajoelha-te, pois, e escuta reverente.”

“Oh, Senhora”diz a humilde e simples Giannetta (que não imaginava ter diante de si a Mãe de Deus, ou então estava obcecada pelo pensamento do demônio que a esperava em casa), “eu não tenho tempo a perder: os meus jumentos estão esperando este feno”.

Mas a Virgem Santíssima, tocando-lhe suavemente nos ombros, fê-la ajoelhar-se e assim lhe falou: 

“Ouve atentamente, filha: o mundo, com suas iniqüidades, havia excitado a cólera do céu. O meu divino Filho queria punir severamente esses homens iníquos, cobertos de pecados; mas eu intercedi pêlos míseros pecadores com insistentes súplicas, e finalmente Deus se aplacou. Vai, portanto, comunicar a todos que, por causa deste assinalado benefício de meu divino Filho, devem jejuar numa sexta-feira a pão e água, e, em minha honra, festejar o sábado desde a véspera; eu reclamo isto como uma prova da gratidão dos homens pela singularíssima graça que para eles obtive. Vai, filha, e manifesta a todos a minha vontade.”

Admiração, amor, compunção enchiam a alma de Giannetta, que, depois de refletir um pouco, exclama: “Senhora, quem acreditará em minhas palavras? … Sou uma pobre e desconhecida criatura…”

E a Virgem bendita replica: “Levanta-te, minha filha, e não temas: refere corajosamente o que te comuniquei e ordenei: eu confirmarei com sinais evidentes as tuas palavras; e este lugar onde agora tu me vês, se tornará célebre e famoso para toda cristandade”.

Ditas estas palavras, abençoa Giannetta com o sinal da cruz e desaparece, deixando no solo os vestígios de seus beatíssimos pés.

Imagine quem puder como ficou Giannetta a tal espetáculo (visto que já compreendido então que era Nossa Senhora quem lhe falava): extática, fora de si, levanta os olhos como que para acompanhar a Virgem Maria; e, prostrando-se em terra, beija e torna a beijar as santas pegadas. Depois afasta-se contra a vontade daquele santo lugar e corre, voa para sua aldeia, e pelos caminhos por onde passa vai narrando a quem encontra tudo o que tinha visto e ouvido. Todos creem em suas palavras, cumprindo-se assim a profecia da Santíssima Virgem, e correm, guiados por Giannetta, ao bem-aventurado lugar, admirando as santas pegadas impressas no solo verdejante, bem como a fonte que ali brotara milagrosamente.

Todos empenhavam-se em louvar e agradecer a bondade divina, maravilhando-se sempre mais. Sua gratidão crescia quando viam as curas operadas por meio da água da fonte milagrosa, ou as graças e prodígios alcançadas de outra maneira, que se multiplicavam dia a dia. Como é natural, a fama de tantos prodígios voou com a rapidez do raio até as cidades vizinhas, e mesmo até as regiões mais longínquas, de modo que foi tal a afluência de pessoas que iam a Mazzolengo, para contemplar os santos vestígios dos pés de Maria, admirar a fonte sagrada e beber da água prodigiosa, que foi necessário formar uma comissão que regulasse o acesso dos peregrinos. Mais tarde, divulgada por toda a Europa a notícia do milagroso acontecimento e das contínuas curas prodigiosas e outras graças concedidas por Maria no local da aparição, começaram a chover as ofertas, de modo que a autoridade diocesana constituiu uma comissão cuja incumbência era recolher donativos e aplicá-los na construção de uma igreja no lugar em que tinha aparecido Nossa Senhora.

A primeira pedra da igreja foi lançada pelo vigário de Caravaggio em 31 de julho do mesmo ano da aparição (1432), mas só foi acabada e consagrada dezenove anos depois.

Transcorrido um século, a igreja ameaçava ruir, sendo preciso ser escorada. Depois, tornando-se pequena para o crescente número de peregrinos, foi ampliada por iniciativa de São Carlos Borromeu. Posteriormente, ameaçando novamente ruir, foi preciso demoli-la.

Foi então que o célebre arquiteto Pellegrini construiu o majestoso Santuário, que é hoje uma das mais fúlgidas glórias da fé do povo italiano, como da arte que se inspira na religião.

Eis, pois mais um título dado à Mãe de Deus – Nossa Senhora de Caravaggio, por causa de sua aparição em Caravaggio (Itália) a Giannetta Vacchi.

Oração

Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria, que jamais se tem ouvido que deixásseis de socorrer e consolar a quem vos invocou, implorando a vossa proteção e assistência; Assim, pois, animado com igual confiança, como a Mãe Amantíssima, ó Virgem das Virgens, a Vós recorro, de Vós me valho, gemendo sob o peso de meus pecados, humildemente, me prostro a vossos pés. Não rejeiteis as minhas súplicas, ó Virgem de Caravaggio, mas dignai-vos de as ouvir propiciamente e de me alcançar a graça que Vos peço. Amém!

 

Hoje, 26 de Maio é dia de:

São Filipe Néri

Nascido em Florença, Itália, em 21 de julho de 1515, Filipe Néri pertencia a uma família rica. Junto com a irmã Elisabete, foi educado pela madrasta. Filipe surpreendia pela alegria, bondade, lealdade e inteligência. Cresceu na sua terra natal, estudando e trabalhando com o pai, sem demonstrar vocação para vida religiosa, mesmo frequentando regularmente a igreja.

Em 1535, aceitou o convite para ser o tutor dos filhos de uma nobre e rica família, estabelecida em Roma. Nessa cidade foi estudar Filosofia e Teologia com os agostinianos. No tempo livre praticava a caridade junto aos pobres e necessitados, atividade que exercia com muito entusiasmo e alegria, principalmente com os pequenos órfãos de filiação ou de moral.

Somente aos trinta e seis anos de idade ele se consagrou sacerdote, sendo designado para a igreja de São Jerônimo da Caridade. Tão grande era sua consciência dos problemas da comunidade que formou um grupo de religiosos e leigos para discutir os problemas, rezar, cantar e estudar o Evangelho.

Filipe se preocupou com a integração das minorias e a educação dos meninos de rua. Com bom humor, ele dizia aos que reclamavam do barulho das crianças: "Contanto que os meninos não pratiquem o mal, eu ficaria contente até se eles me quebrassem paus na cabeça".

Viveu até o dia 26 de maio de 1595. São Filipe Néri é chamado até hoje de: Santo da alegria e da caridade.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão
A alegria é a grande virtude dos santos. Uma alegria serena e confiante no amor do Cristo Ressuscitado. Ser alegre não significa dar risadas o dia todo, mas conservar o semblante calmo e tranquilo. A tristeza enfraquece o coração e provoca desânimo. Peçamos ao bom Deus que nos alimente sempre com a virtude cristã da alegria.
Oração
Ó Pai, pela vossa misericórdia São Felipe Néri anunciou as insondáveis riquezas de Cristo. Concedei-nos, por sua intercessão, crescer no vosso conhecimento e viver na vossa presença segundo o Evangelho, frutificando em boas obras. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

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