segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Dom Jaime, bispo diocesano, escreve sobre a vida religiosa consagrada. Leia!

Palavra do Bispo

Precisamos de religiosos a pleno tempo
Continuando nossa reflexão do mês vocacional, este terceiro domingo é dedicado à Vida Consagrada. Depois de dar-nos conta da necessidade de padres missionários e de pais que sejam presença junto suas famílias, hoje vamos refletir sobre a necessidade de religiosos e religiosas totalmente doados.
A totalidade da entrega como a sua perpetuidade, são características fundamentais da vida consagrada e manifestam a radicalidade desta vocação, fala que choca o jovem e a jovem de hoje, justamente porque o pensar do mundo moderno é marcado pelo relativismo, pelo provisório e pelo imediatismo.
Falar de entregar a própria vida para ser gasta no serviço aos irmãos e na oração, humanamente falando, é loucura. Somente uma visão de fé pode ajudar a entender e ver nisso um bem de grande valor, um gesto de coragem e de grande amor.
Podemos encontrar pessoas que acham isso uma covardia, uma estupidez e não conseguem acreditar que isso seja possível e, muito menos, que isso possa fazer uma pessoa feliz e realizada.
Compreensível porque a ideia de felicidade que é vendida pela mentalidade consumista e hedonista atual é aquela que a faz consistir na liberalidade total, onde cada um faz o que bem quer e entende, sem ter que prestar contas para ninguém, nem para os pais, sociedade, igreja e, nem mesmo, o próprio Deus. Qualquer norma objetiva é vista como cerceadora da liberdade individual e obstáculo à realização e felicidade das pessoas.
Diante desse cenário passado a nossa juventude pela grande mídia com seus programas fúteis, particularmente da escola das novelas que entra, sem pedir licença, em todas as casas do nosso povo, fica difícil aos jovens ventilarem a possibilidade de assumirem uma outra forma de vida que implique doação, serviço, saída de si para ir ao encontro dos outros.
Não é de estranhar a reação de adolescentes e jovens bons que diante do convite a um discernimento vocacional reajam simplesmente dizendo: “Estás louco? Eu não sou louco!” Num primeiro momento ficamos surpreso, até mesmo poderíamos ficar ofendidos. Mas, pensando bem, eles têm razão. Deixar os benesses e comodidades que o mundo oferece para dedicar-se gratuitamente a cuidar dos filhos dos outros com quem por si não teriam nada a ver conosco, só para seres bem especiais mesmo.
– Loucos?
– Sim, loucos!
Hoje, precisamos de loucos, ou de pessoas que tenham um pouco de loucura, ou seja, que tenham a coragem de largar tudo para se entregar única e exclusivame nte à oração e à contemplação, como é o caso congregações de clausura e os mosteiros; ou ao serviço alegre e gratuito na educação de crianças e adolescentes pobres e abandonadonas, à jovens dependentes químicos e aidéticos, irmãos e irmãs chagados nos hospitais, a idosos descartados por filhos que não tem tempo para cuidá-los... Isto não é para qualquer um, mas somente para quem sente-se chamado por Deus.
A história de cada vocação é a história de um inefável diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que no amor responde a este chamado. Não basta a boa vontade.
É decisiva e prioritária, a intervenção livre e gratuita de Deus que chama. A iniciativa de chamar é Dele. & Eacute; esta, por exemplo, a experiência de Jeremias: “‘Antes de te formar no seio materno, te conheci, antes que saísses a luz, te havia consagrado; te estabeleci profeta das nações’” (Jr 1, 4-5).
O primado da graça na vocação encontra a sua perfeita proclamação na palavra de Jesus: “Não foram vocês que me escolheram, mas eu escolhi vocês e vos constituí para irdes e produzirdes fruto e que o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16).
Assim a vocação é sempre um dom da graça divina e nunca um direito do homem. Se olharmos a história da Igreja percebemos como ao longo dos séculos, o Espírito irrompeu muitas vezes, suscitando formas de vida consagrada próprias para cada época, nem sempre compreendidas num primeiro momento, mas que se manifestaram autênticas vocações.
A vida consagrada é um sinal para a própria Igreja e para a sociedade, lembra a importância do seguimento de Jesus e o absoluto de Deus. A entrega total e para sempre da própria liberdade, afetividade e direito de possuir são um anuncio de algo maior que nem a todos é dado compreender.
O consagrado é todo de Deus, alguém que foi admitido à intimidade pessoal, permitindo ser transformado por dentro e reservado para uma missão especial.
“Como toda a existência cristã, também a vocação à Vida Consagrada está intimamente relacionada com a obra do Espírito Santo. É Ele que pelos milênios afora, sempre induz novas pessoas a sentirem atração por uma opção tão comprometedora.
É o Espírito Santo que suscita o desejo de uma resposta cabal; é Ele que guia o crescimento desse anseio, fazendo amadurecer a resposta positiva e sustentando, depois, a sua fiel realização; é Ele que forma e plasma o espírito dos que são chamados, configurando-os a Cristo casto, pobre e obediente, e impelindo-os a assumirem a sua missão”.
Que o Senhor nos dê olhos para ver estas encantadoras maravilhas divinas que vai operando nos corações dos que ouvindo o chamado, respondem SIM e entregaram-se totalmente nessa aventura de fé e amor que enaltece o ser humano.
Dom Jaime Pedro Kohl

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