sábado, 23 de agosto de 2014

Transcrevo a palavra do Bispo Diocesano, de Osório, Dom Jaime Pedro Kohl.

Palavra do Bispo

Precisamos de leigos no coração do mundo
A quarta semana deste mês de agosto, mês vocacional, a dedicamos aos ministérios leigos que se expressam nos vários serviços que os leigos assumem nas comunidades. É impossível nomeá-los todos.
Ministérios e serviços que tem sua origem no Batismo, fonte de todas as vocações e que define o lugar do cristão no mundo: todos os batizados são chamados a ser sal da terra e luz do mundo. Muitos são os ministérios e serviços através dos quais podemos expressar nossa vocação de seguidores de Jesus. O batismo nos faz todos discípulos missionários de Jesus.
Nossa primeira responsabilidade como batizados é darmos testemunho de Jesus Cristo, lá onde vivemos. Missão que começa em casa, na família da gente, mas que deve contagiar toda a sociedade, o mundo todo.
Portanto, a missão específica do cristão leigo é lá no meio do mundo, no século. Com sua vida cristã assumida e alimentada na Palavra, na Eucaristia e na Oração o leigo dá sua contribuição na edificação do Reino de Deus, transformando o mundo por dentro.
Seu primeiro dever não é ser ministro da Eucaristia, catequista ou liturgo, mas ser colaborador com a obra criadora de Deus, gerando e educando na fé aqueles filhos e filhas que Deus, abençoando a fecundidade do amor conjugal, dá ao casal cristão. Portanto, sua primeira ocupação e preocupação é com sua família, igreja doméstica.
A família que quer ser verdadeiramente cristã não pode fechar-se sobre si mesma, mas deverá estar aberta a comunidade eclesial e social. Faz pa rte do ministério do leigo assumir responsabilidades quer no âmbito da Igreja como da sociedade civil.
A diferença do sacerdote e do religioso cabe ao leigo assumir responsabilidades no mundo da política, da economia, no comércio, nos meios de comunicação social, etc. É missão do cristão leigo estar lá onde se decidem as políticas públicas de saúde, educação, assistência social e de implementação da produção e sua comercialização.
Filiar-se a um partido, a um sindicato ou qualquer outra instituição que possa ajudar a sociedade na sua organização. Assumir cargos tanto no poder executivo como legislativo e judiciário em todas as instâncias de governo. Atuando nesses âmbitos animado por princípios cristãos como a justiça e o respeito pela dignidade d a pessoa estará prestando um grande serviço à Igreja e à humanidade.
Essas profissões, funções e serviços, normalmente não são chamados de ministérios, porque não são instituídos, mas não por isso menos importantes. Tudo depende da motivação e disposição como são assumidos. Quem pode negar o bem que pode fazer um médico, um professor, um prefeito, um vereador... quando exercem suas funções desprendidos de si e verdadeiramente interessados em promover o desenvolvimento e o bem comum da sociedade?
Como nos ensina o Papa Francisco: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Nisto se revela a enfermeira autêntica, o professor autêntico, o político autêntico, aqueles que decidiram no mais íntimo do seu ser estar com os outros e ser para os outros” (EG 273).
Falando dos leigos Aparecida diz que “estamos dispostos, com a coragem que o Espírito nos dá, a anunciar Cristo, onde não é aceito, com nossa vida, com nossa ação, com nossa profissão de fé e com sua Palavra” (377). Podemos dizer com o que somos, com o que cremos e com o que fazemos.
É assim meu irmão, minha irmã. Deus quer precisar de ti, leigo e leiga, tanto jovem como do adulto e, também, crianças e anciãos. Acreditamos que criança evangeliza criança, jovem evangeliza jovem, família evangeliza famílias. Isto com nosso serviço, nossa partilha, nosso testemunho de vida, nossas partilhas.
Cabe a vocês leigos e leigas - homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja - serem essa ponte entre a Igreja e a sociedade.
Concluo com a citação do nº 215 do Documento 107 da CNBB que trás como título ‘Cristão Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade’: “Na Igreja todos são sujeitos, sendo cada qual investido de missão específica, conforme os dons que recebe. Ser sujeito pode significar o exercício de um ministério ou serviço na Igreja e na sociedade, mas também a vivência da condição cristã nas formas de vida mais rot ineiras e até mesmo institucionalmente invisíveis, seja do ponto de vista eclesial, seja do ponto de vista social e político. Ao exercer os papéis de mãe e de pai, de filho ou determinada profissão no mundo do trabalho, cada cristão exerce sua missão na medida em que orienta sua vida a partir da pessoa de Jesus Cristo e do seu Reino. A Igreja deve estar atenta a esses cristãos escondidos que assumem serviços de grande valia para uma pequena comunidade, paroquia ou diocese. Em todo e qualquer espaço, cada cristão é chamado a vivenciar seu Batismo com coerência e alegria e contribuir com sua semente evangélica, ainda que seja visivelmente pequena, para a construção do Reino de Deus”.
Creio que todos sentem-se incluídos nesta definição e percebem quanto são Igreja e quanto ela vos quer atuando na construção de um mund o sempre mais humano e mais cristão.
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório


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