sábado, 12 de março de 2016

Evangelho do final de semana - Nem Eu te condeno!

C - 13 de março de 2016
João 8,1-11

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.
Agora, eis o que diz o Senhor: de coração convertei-vos a mim, pois sou bom, compassivo e clemente (Jl 
2,12s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
8 1 Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.
2 Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a ensinar.
3 Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério.
4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: “Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
5 Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?”
6 Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
7 Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.
8 Inclinando-se novamente, escrevia na terra.
9 A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.
10 Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?”
11 Respondeu ela: “Ninguém, Senhor”. Disse-lhe então Jesus: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”.
Palavra da Salvação.
 
Comentário do Evangelho

NÃO PEQUES MAIS!
Os inimigos de Jesus viviam criando armadilhas para pegá-lo, mas eles mesmos é que acabavam caindo nelas. Não tendo motivos plausíveis para condená-lo, buscavam, inutilmente, uma deixa para levá-lo às barras do tribunal.
O confronto com a mulher surpreendida em flagrante adultério não deixou Jesus embaraçado. Seus adversários, tão espertos para flagrar o pecado alheio, não foram capazes de esconder de Jesus os próprios pecados. Afinal, não é a mulher a grande pecadora, e sim, os escribas e fariseus que a acusavam. Não só: estes, quanto mais velhos, mais se encontravam atolados no pecado. A idade não os levou a amadurecer na virtude. Pelo contrário, cresceram na maldade e na malícia. Conseqüentemente, faltava-lhes moral para acusar aquela pobre mulher.
A exortação final que o Mestre lhe dirigiu - "Não peques mais!" - aplica-se perfeitamente bem aos seus inimigos. Estes intencionavam pôr Jesus à prova. Mostraram-se impiedosos com uma mulher, de cuja fraqueza se prevaleceram. Quiseram parecer honestos, quando, na verdade, viviam no pecado, uma vez que se insurgiam contra o enviado do próprio Deus. Antes de mais ninguém, eles é que deveriam converter-se. A única coisa boa que fizeram foi colocar a pecadora em contato com o coração misericordioso de Jesus.

QUEM ATIRA A PRIMEIRA PEDRA?

Neste domingo, os sábios em leis e fariseus – legalistas, arrogantes e representantes do sistema opressor – apresentam uma mulher surpreendida em adultério. Segundo a lei, ela deveria ser apedrejada. Perguntam a Jesus o que ele pensa disso. O Mestre não responde e propõe uma alternativa: quem não tiver pecado pode apedrejá-la. Ninguém atirou pedra nenhuma. Moral da história: a mulher não era a única pecadora!

Ultimamente as pedras estão voando de todos os lados contra mulheres (ainda), contra pessoas, contra grupos diversos. Os moralistas de plantão – os empedernidos e arrogantes de hoje – continuam com as pedras nas mãos, prontos para massacrar os outros diante de qualquer deslize. Muitos atiram pedras na tentativa de encobrir as próprias falhas e interesses. Enquanto continuarmos condenando esta ou aquela pessoa, este ou aquele grupo, e não olharmos dentro de nós com sinceridade, a violência, o sofrimento e a intolerância não vão ter fim. Há muitos que carregam pedras nas mãos por serem claramente contra a ascensão dos pobres e não conseguirem conviver com eles.

É momento de fazer um exame de consciência sério e resgatar a proposta de são Francisco: aonde há ódio, que eu leve o amor; aonde há ofensa, que eu leve o perdão; aonde há discórdia, que eu leve a união; aonde há dúvidas, que eu leve a fé.

Jesus não veio para julgar e condenar, mas para resgatar os desorientados. Ele provoca as pessoas a tomar partido: a favor dele (escolha da vida) ou contra ele (autodestruição). Ele toma o partido da mulher discriminada pelos legalistas: “Eu não te condeno”, diz à mulher, mais vítima que culpada. Os sábios e fariseus não condenam o homem adúltero, mas somente a mulher. O Mestre não contemporiza com a hipocrisia da sociedade.

Jesus desmascara aqueles que se julgavam fiéis à lei e revela que são cheios de pecado e não tão puros como pensavam. A mulher, considerada culpada e cuja morte a lei autorizava, é absolvida, tendo assim sua dignidade resgatada. De que lado estamos: dos pobres e discriminados ou dos bem-instalados e arrogantes?

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