América missionária, partilha tua fé!
Este foi o lema cantado, rezado e refletido na semana do 4.º Congresso Americano Missionário realizado na quente cidade de Maracaibo – Venezuela de 26/11 a 01/12 e que teve como tema: “Discípulos missionários de Jesus Cristo, da América para um mundo secularizado e pluricultural”. Éramos mais de 3 mil congressistas de 23 países das Américas. Dentre esses 100 bispos e mais de 600 padres. Muitos jovens especialmente ligados a Infância, Adolescência e Juventude Missionária. Foi um momento de muita animação e envolvimento de todos. Contamos com a presença simpática do Cardeal Fernando Filoni, responsável pela Evangelização dos Povos que veio como delegado do Papa Francisco.
O objetivo destes congressos é manter vivo e incentivar sempre mais o espírito missioná rio seja ad intra como ad extra. O apelo mais contundente do congresso veio na questão da missão além-fronteiras. O Cardeal Filoni reiterou por mais vezes que não basta organizarmos congressos bonitos precisamos passar a gestos concretos de compromisso missionário efetivo não só no Continente, mas especialmente da América Latina com a África e Ásia. Eis alguns aspectos da Carta/mensagem do Congresso : “Bendito seja Deus, Pai amoroso e misericordioso, que saiu de si mesmo para comunicar-se aos seres humanos e quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade e que criou o ser humano com o desejo último de conhecer esta verdade e chegar à plenitude de sua vida.
Culturas indígenas, camponesas, afro-americanas, urbanas, suburbanas, mestiças e migrantes se congregaram para compartilhar experiências e traçar caminhos de evangelização inculturada e intercultural.
Louvado seja Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, enviado do Pai, que anunciou o Reino de Deus com palavras e gestos e que, uma vez ressuscitado, enviou seus discípulos a continuar sua missão. Ele continua enviando-nos a anunciar a Boa Notícia de seu Reino de fraternidade e justiça e a fazer discípulos de todos os povos.
Glorificado seja o Espírito Santo enviado por Jesus. Ele, protagonista da Evangelização, nos impulsiona a continuar com valentia e criatividade a missão de Jesus nos diversos tempos, situações e culturas.
Damos graças a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo por estes dias de convivência, reflexão, oração e propostas de ação para e a partir das Igrejas particulares de nossa América. Cinco conferências, 22 fóruns, celebraçõe s litúrgicas e diversos testemunhos missionários constituíram um novo impulso para continuar avançando em nossa tarefa evangelizadora para dentro (inter gentes) e para fora (ad gentes). Os fóruns organizaram-se ao redor de cinco eixos temáticos: discipulado, conversão, secularização, pluriculturalidade e missão ad gentes.
Ensina-nos, Senhor, a olhar este mundo em mudança, plural e complexo com esperança e amor, com profundidade e profetismo. Ajuda-nos a encontrar na Palavra de Deus, centro da vida e da missão da Igreja, resposta para um mundo individualista que parece viver sem sentido.
Faz, Senhor, que percebamos que a missão faz a Igreja, que ela é um desafio teológico-espiritual e que ela se origina nas entranhas da comunidade trinitária que, por amor, sai de si mesma para relacionar-se com a humanidade. A fé na encarnação im plica entrar nas culturas. A fé na ressurreição leva a evangelizar a partir de dentro as culturas. Pentecostes torna possível o encontro igualitário e enriquecedor de diversas culturas. Faz que nossas Igrejas vivam uma comunhão a serviço da missão e sejam missionárias, proféticas e libertadoras. Nesta Igreja missionária, a vida religiosa consagrada se concebe como uma missão mística, simbólica e profética. Ela é missionária ad gentes por natureza.
Espírito de Jesus, dá-nos valentia e criatividade para realizar em nossas comunidades as orientações pastorais assumidas neste Congresso Missionário Americano:
– em nível de discipulado missionário: nos propomos agradecer e expressar aquilo que foi o melhor que poderia ter acontecido na vida, ter encontrado Jesus Cristo, fazendo-nos discípulos missionários e renovando o compromisso e a alegria de fazê-lo conhecido;
– em nível de conversão: conversão eclesial em todos os níveis, a partir da escuta da Palavra que nos leve a uma comunhão eclesial que promova uma pastoral profética que denuncie a injustiça;
– em nível de secularização: desenvolver uma mudança de atitude e mentalidade em todas as estruturas humanas; um novo olhar para as relações: evangelização com rosto humano, incluindo diálogo e respeito com os governantes e sociedades para advogar e refletir pelo desenvolvimento humano, pelo campo e pela cidade em todo âmbito da vida política, econômica, social, cultural e ecológica. Priorizando a formação em todas as estruturas eclesiais e sociais para empreender esse espírito de um novo modo de ser missionário;
– em nível de pluriculturalidade: promover a interculturalidade através de uma aproximação respeitosa à diversidade, que iluminada com o Evangelho nos leve a promover ações pastorais libertadoras, descolonizadoras, com enfoque de direito e pertinência cultural, revitalizando mediante a liturgia inculturada, a formação de agentes pastorais e o compromisso apostólico com a realidade social, política, econômica e cultural o anúncio do Evangelho em comunidades excluídas, empobrecidas e marginalizadas. Para que nossos povos indígenas, afros e culturalmente emergentes tenham vida e vida em abundância;
– em nível de missão ad gentes: as Conferências Episcopais no transcorrer de 5 anos assumam um lugar de missão e enviem religiosas, religiosos, sacerdotes e leigos. Para isso devem promover a formação sobre a missão universal para todos os corresponsáveis pastorais, através de itinerários de formação. Isso também exigirá a criação de estruturas econômicas que permitam enviar e receber missionários. América missionária, partilha tua fé.”
Comecemos logo a colaborar com ação evangelizadora da Igreja dando nossa contribuição para a coleta da Evangelização que acontece em todas as nossas comunidades neste final de semana. Faça tua parte e Deus te recompensará!
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório
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