segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Transcrevemos a palavra do bispo diocesano de Osório, Dom Jaime Pedro Kohl.

Palavra do Bispo

O cristão nos pequenos grupos de partilha
As paróquias, de modo geral, são mais ou menos populosas. Muitas delas têm organização centralizada, ou seja, têm como referência a igreja principal ou matriz, onde as celebrações litúrgicas são realizadas, o que dificulta a participação de muitos. O número de católicos que chegam à nossa celebração dominical é limitado; é imenso o número de distanciados, assim como o número daqueles que não conhecem a Cristo”.
Há alguns anos, vem ocorrendo um esforço de renovação. Nesse sentido, centros pastorais ou mesmo pequenos templos são construídos nos bairros das periferias ou nas localidades mais distantes da igreja matriz. Essa descentralização proporciona o estar no meio do povo e muitos benefí ;cios traz para a evangelização.
Nesse sentido, o Documento de Aparecida afirma: “A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e missionários de Jesus Cristo em comunhão”.
Novas formas de ser Igreja vêm ao encontro dessa exigência e atendem às necessidades de nosso povo sedento de participação mais efetiva nas comunidades. É o caso dos chamados grupos de ruas ou de setores paroquiais. São famílias vizinhas que se reúnem semanal ou quinzenalmente para refletir e rezar juntas.
A essas comunidades podem se aplicar as palavras dos bispos em Aparecida: ”Existem outras formas válidas de pequenas comunidades, inclus ive redes de comunidades, de movimentos, grupos de vida, de oração e de reflexão da palavra de Deus. Todas as comunidades e grupos eclesiais darão fruto na medida em que a Eucaristia for o centro de sua vida, e a Palavra de Deus for o farol de seu caminho e de sua atuação na única Igreja de Cristo”.
Para esses grupos, muitas dioceses têm produzido excelentes materiais: círculos bíblicos ou roteiros de reflexão para as diferentes fases do ano litúrgico – preparação para o natal no Advento – sobre os temas da Campanha da Fraternidade na Quaresma – na Semana Nacional da Família, além de outros.Esses encontros são muito proveitosos para os participantes, suas famílias e para a comunidade paroquial. Nessas pequenas comunidades, as pessoas rezam comunitariamente, refletem a partir de textos bíblicos e de fatos do dia a dia, são reconhecidas e valorizadas, fortalecem os vínculos de amizade já existentes ou conhecem novas pessoas da vizinhança ou dos bairros. Descobrem-se responsáveis não só pelas pequenas comunidades citadas, mas também pela sua paróquia e pela Igreja.
Os grupos crescem no conhecimento, na fé e na partilha de necessidades e aspirações em beneficio também da solução de problemas presentes no cotidiano das famílias. Pode se aplicar a esses grupos o que disseram a respeito das comunidades eclesiais de base, os bispos reunidos em Puebla: “Nas pequenas comunidades, mormente nas mais bem constituídas, cresce a experiência de novas relações interpessoais na fé, o aprofundamento da palavra de Deus, a participação na Eucaristia, a comunhão com os pastores da Igreja particular e um maior compromisso com a justi&cc edil;a na realidade social dos ambientes em que se vive”.
Os cristãos, nesses grupos, realizam a dimensão do discípulo missionário. Escutam a Palavra, seguem Jesus em comunidade e se tornam missionários com todo o Povo de Deus.
Um exemplo pode nos ajudar a entender: “A paróquia da qual participavam Leonardo e Fabiana realizara fazia cinco anos missões populares. A partir de então, pequenos grupos foram formados tanto na cidade como nas comunidades rurais. As famílias recebiam da paróquia um roteiro de reflexão preparado com muito carinho por agentes pastorais da Diocese. Reuniam-se semanalmente, cada vez em uma casa, e juntos rezavam, partilhavam a Palavra de Deus, discutiam problemas da comunidade e assumiam compromissos em favor do bairro onde residiam ou de pessoas necessitadas a quem levavam alguma ajuda material, alimentos, roupas e brinquedos para as crianças.
As famílias participantes dos grupos fortaleciam sua fé, os laços de amizade, de espírito solidário e de compromisso com a caminhada da paróquia. Em quase todos os encontros, era lembrada a importância da comunidade e da participação de todos na missa dominical, momento privilegiado do encontro de irmãos com o Pai comum de todos. As famílias participavam da celebração da Eucaristia e levavam para casa e para a vizinhança o compromisso de juntas construírem concretamente o reino de Deus no meio em que viviam.
E a paróquia sentia a transformação por que passava. Havia um esforço continuo para melhorar o relacionamento entre os membros das pastorais e dos movimentos, que acolhiam as sugestões vindas dos pequenos grupos de oração e de reflexão. Esses grupos constituíam-se em seiva nova para a vida comunitá ria e em fermento que transformava as condições de vida dos moradores dos diferentes bairros e comunidades que formavam a paróquia”.
Não é isso bonito? A importância de valorizar os pequenos grupos constitutivos de nossas pastorais e movimentos é de fundamental importância se queremos uma Igreja viva e participativa. A paróquia: comunidade de comunidades que sonhamos passa por essa dinâmica.

Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório

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