sábado, 6 de junho de 2020

Evangelho do domingo

Solenidade da Santíssima Trindade Do Tempo Comum
7 de Junho de 2020
Cor: Branco

Evangelho - Jo 3,16-18

 
Deus enviou seu Filho ao mundo, para
que o mundo seja salvo por ele.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,16-18
16Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito,
para que não morra todo o que nele crer,
mas tenha a vida eterna.
17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele.
18Quem nele crê, não é condenado,
mas quem não crê, já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
Palavra da Salvação.



Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único - Jo 3,16-18
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Temos muitos problemas na vida. Nossa realidade é, por vezes, tão sofrida que levou um autor sagrado a escrever o Livro de Jó. Há quem diga que Deus não existe, porque, se existisse, ele não permitiria tanto sofrimento. É uma concepção de Deus. Podemos dizer também que, se Deus não existir, não vale a pena viver. E podemos dizer ainda que vale a pena viver tirando para si mesmo o máximo proveito de tudo. Diziam os romanos antigos: “Carpe diem”, isto é, aproveite o máximo que puder, porque amanhã morreremos. A vida não deixa de ser um mistério, desde o início até o fim. Quer maior mistério do que a morte? Se Deus não existisse, como seriam nossas relações? Há quem resolva a questão apelando para a natureza humana, que poderia ser outro nome para Deus.

Os crentes são assim chamados porque acreditam na existência de um Deus. Os cristãos acreditam em um só Deus em Três Pessoas e celebram hoje a festa da Santíssima Trindade. Tendo terminado o Tempo da Páscoa, celebramos a Trindade Santa como uma síntese de toda a revelação que recebemos de Deus, que é Uno e Trino. A doutrina sobre a Santíssima Trindade diz simplesmente que há um só Deus em três pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo. Não existe, porém, na Bíblia Sagrada nenhuma doutrina que retrate a realidade interior de Deus. Falar de Uno e Trino é falar de Deus como ele é por dentro. A Sagrada Escritura, porém, apresenta Deus agindo externamente para a salvação do mundo. A Bíblia descreve a experiência da ação salvífica de Deus em favor da humanidade. Não se encontra no Novo Testamento uma doutrina que retrate a realidade interior de Deus como ser diferenciado. A linguagem do Novo Testamento representa Deus em atividade no mundo, em prol da salvação humana. Relata a nossa experiência da ação de um Deus que nos salva.

Em linguagem humana, quando falamos de pessoa, de três pessoas, pensamos em três indivíduos conscientes, livres e independentes, que se relacionam entre si. Não se pode dizer o mesmo de Deus. Já dizia Santo Agostinho que não podemos colocar o grande mistério de Deus em nossa pequena cabeça, e explica com a história da criança que queria, com uma conchinha, colocar toda a água do mar num buraquinho na praia. A Trindade não é ponto de partida. É ponto de chegada. Nosso pensamento se move do mundo para Deus, e não o contrário.

Partimos da experiência do povo de Israel com o Deus dos pais. O Deus dos nossos pais, sem nome e sem imagem, nos acompanha em nossos deslocamentos ao longo da história humana. Ele é aquele que é, nos diz Moisés. Ele é o que existe. Sempre dentro do povo de Israel, encontramos um homem em Nazaré, em tudo semelhante a nós e que conhece Deus por dentro. A partir dele, da revelação que ele nos transmite, podemos saborear alguma coisa do que Deus é, para concluir com Santo Agostinho que “Deus é o amor com que amamos o nosso irmão”. Por isso Jesus diz: “Sede misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso”. No Êxodo e no Deuteronômio, introduzindo os Dez Mandamentos, ouvimos da boca de Deus: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim”.

Um dia estaremos mergulhados em Deus, participando ativamente do grande movimento da Trindade, vendo como ela é por dentro. Não haverá paralisia na eternidade. Será um movimento contínuo do Pai que gera o Filho, do Filho que é gerado pelo Pai, do Pai e do Filho que inspiram o Espírito, do Espírito que procede do Pai e do Filho, e nós contemplando a beleza das relações existentes em Deus. Tendo experimentado aqui seu amor e sua bondade, nós o veremos como ele é, sem, no entanto, abrangê-lo totalmente, porque só ele é Deus e nós continuamos sendo criaturas.

SOMOS AMADOS POR DEUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total - http://domtotal.com/religiao-liturgia-diaria.php).

A contemplação da Santíssima Trindade abre o nosso coração para o Deus amoroso, revelado por Jesus Cristo. Consciente de ser Filho, Jesus nos falou do Pai e prometeu o dom do Espírito Santo a quem tivesse fé. Revelou que tinha vindo do Pai e para o Pai voltaria, confiando ao Espírito Santo a missão de dinamizar a caminhada da comunidade de fé. Sempre que falava de Deus, referia-se à Trindade.

O envio do Filho, por parte do Pai, foi uma prova de amor imenso ao ser humano corrompido pelo pecado. Visando libertar da morte a humanidade, Jesus veio, na qualidade de portador de vida eterna. Entretanto, a perfeita salvação – o dom da vida eterna – depende de como se acolhe Jesus, e se adere à sua pessoa. Deste modo, vive-se como verdadeiros filhos e filhas de Deus, regenerados pelo Espírito.

Engana-se quem atribui a Jesus a missão primordial de julgar e condenar o mundo. A condenação depende da incredulidade em relação ao Filho enviado pelo Pai. Rejeitar o Filho significa, por extensão, rejeitar o Pai que o enviou. Por sua vez, recusar a este comporta a rejeição da vida eterna, que só ele pode oferecer. Esta insensatez, em última análise, resulta do fechamento ao dom do Espírito Santo, o único que tem o poder de atrair o ser humano para Deus. Portanto, embora o desígnio primeiro da Trindade seja o de salvar a humanidade, resta sempre a possibilidade de o ser humano servir-se de sua liberdade para fazer-se prisioneiro de seu egoísmo.

Oração
Pai, louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito.

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